Gestação Ectópica Em Cicatriz De Cesárea Anterior: Relato De Caso
DOI:
https://doi.org/10.37497/JMRReview.v1i1.18Palavras-chave:
Gestação Ectópica, Relato de Caso, Cicatriz de Cesárea, Manejo ObstétricoResumo
Introdução: A gravidez ectópica deve ser considerada em qualquer paciente gestante com sangramento vaginal ou dor abdominal inferior quando a gestação intrauterina ainda não foi estabelecida. Mais de 95% das gestações ectópicas ocorrem nas tubas, especialmente a porção ampular, totalizando 70% dos casos. Outros locais relatados para gestações ectópicas, ainda que de acentuada raridade, são o abdome, o ovário e a cicatriz de cesárea anterior. Embora rara, a gravidez ectópica em cicatriz de cesárea anterior aumentou em paralelo ao crescimento das taxas de cesariana. Devido a essa raridade, relatos de casos são importantes para que mais evidências sejam investigadas no intuito de sistematizar o manejo da condição.
Objetivo: Relatar um caso de gravidez ectópica em cicatriz de cesárea anterior, assim como seu manejo e desfecho, com o intuito de auxiliar na condução de novos casos. Método: Trata-se de um relato de caso único atendido no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus – HUSF, localizado na cidade de Bragança Paulista, SP. A paciente em questão autorizou a utilização dos dados contidos em seu prontuário por meio da assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUSF.
Conclusão: A descrição do caso permitiu concluir que, devido ao risco significativo de desfechos desfavoráveis acarretados pela gravidez em cicatriz de cesárea anterior, incluindo a ruptura uterina e o óbito da gestante, se faz necessário o diagnóstico imediato da condição, pois sintomas como sangramentos são inespecíficos para casos do tipo. A ultrassonografia é uma ferramenta diagnóstica de grande auxílio em casos de gravidez em cicatriz de cesariana, porém, em alguns casos, o diagnóstico pode não ser confirmado até que seja realizada uma ressonância nuclear magnética. A depender da lesão e das morbidades relacionadas, a histerectomia pode ser a melhor alternativa, conforme foi realizado no caso aqui relatado, evitando, assim, a morte da gestante. Todavia, nos casos em que a paciente ainda deseja ter filhos, é possível evitar tal procedimento, embora exista risco de recorrência e de desfechos desfavoráveis.
Referências
ACOG. ACOG Practice Bulletin No. 193: Tubal Ectopic Pregnancy. Obstetrics and Gynecology, v. 131, n. 3, p. e91–e103, mar. 2018. DOI: https://doi.org/10.1097/AOG.0000000000002560
AL-NAZER, A. et al. Ectopic intramural pregnancy developing at the site of a cesarean section scar: a case report. Cases Journal, v. 2, p. 9404, 30 dez. 2009. DOI: https://doi.org/10.1186/1757-1626-2-9404
ANKUM, W. M. et al. Risk factors for ectopic pregnancy: a meta-analysis. Fertility and Sterility, v. 65, n. 6, p. 1093–1099, jun. 1996. DOI: https://doi.org/10.1016/S0015-0282(16)58320-4
BACKMAN, T. et al. Pregnancy during the use of levonorgestrel intrauterine system. American Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 190, n. 1, p. 50–54, jan. 2004. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ajog.2003.07.021
BARASH, J. H.; BUCHANAN, E. M.; HILLSON, C. Diagnosis and management of ectopic pregnancy. American Family Physician, v. 90, n. 1, p. 34–40, 1 jul. 2014.
BARNHART, K. T. et al. Risk factors for ectopic pregnancy in women with symptomatic first-trimester pregnancies. Fertility and Sterility, v. 86, n. 1, p. 36–43, jul. 2006. DOI: https://doi.org/10.1016/j.fertnstert.2005.12.023
BIGNARDI, T.; CONDOUS, G. Transrectal ultrasound-guided surgical evacuation of Cesarean scar ectopic pregnancy. Ultrasound in Obstetrics & Gynecology: The Official Journal of the International Society of Ultrasound in Obstetrics and Gynecology, v. 35, n. 4, p. 481–485, abr. 2010. DOI: https://doi.org/10.1002/uog.7596
CREANGA, A. A. et al. Trends in ectopic pregnancy mortality in the United States: 1980-2007. Obstetrics and Gynecology, v. 117, n. 4, p. 837–843, abr. 2011. DOI: https://doi.org/10.1097/AOG.0b013e3182113c10
CREANGA, A. A. et al. Pregnancy-Related Mortality in the United States, 2011-2013. Obstetrics and Gynecology, v. 130, n. 2, p. 366–373, ago. 2017. DOI: https://doi.org/10.1097/AOG.0000000000002114
CROCHET, J. R.; BASTIAN, L. A.; CHIREAU, M. V. Does this woman have an ectopic pregnancy?: the rational clinical examination systematic review. JAMA, v. 309, n. 16, p. 1722–1729, 24 abr. 2013. DOI: https://doi.org/10.1001/jama.2013.3914
HARDEMAN, J.; WEISS, B. D. Intrauterine devices: an update. American Family Physician, v. 89, n. 6, p. 445–450, 15 mar. 2014.
HENDRIKS, E.; ROSENBERG, R.; PRINE, L. Ectopic Pregnancy: Diagnosis and Management. American Family Physician, v. 101, n. 10, p. 599–606, 15 maio 2020.
JAMEEL, K. et al. Cesarean Scar Ectopic Pregnancy: A Diagnostic and Management Challenge. Cureus, v. 13, n. 4, p. e14463, 13 abr. 2021. DOI: https://doi.org/10.7759/cureus.14463
MARION, L. L.; MEEKS, G. R. Ectopic pregnancy: History, incidence, epidemiology, and risk factors. Clinical Obstetrics and Gynecology, v. 55, n. 2, p. 376–386, jun. 2012. DOI: https://doi.org/10.1097/GRF.0b013e3182516d7b
MAYMON, R. et al. Ectopic pregnancies in Caesarean section scars: the 8 year experience of one medical centre. Human Reproduction (Oxford, England), v. 19, n. 2, p. 278–284, fev. 2004. DOI: https://doi.org/10.1093/humrep/deh060
NEWBATT, E. et al. Ectopic pregnancy and miscarriage: summary of NICE guidance. BMJ (Clinical research ed.), v. 345, p. e8136, 12 dez. 2012. DOI: https://doi.org/10.1136/bmj.e8136
POKHREL, M. et al. Scar Pregnancy a Diagnostic Conundrum: A Case Report. JNMA; journal of the Nepal Medical Association, v. 59, n. 235, p. 288–291, 31 mar. 2021. DOI: https://doi.org/10.31729/jnma.5202
POLAT, I. et al. Diagnosis and management of cesarean scar pregnancy. Clinical and Experimental Obstetrics & Gynecology, v. 39, n. 3, p. 365–368, 2012.
RAMAKRISHNAN, K.; SCHEID, D. C. Ectopic pregnancy: forget the “classic presentation” if you want to catch it sooner. The Journal of Family Practice, v. 55, n. 5, p. 388–395, maio 2006.
RAVI SELVARAJ, L.; ROSE, N.; RAMACHANDRAN, M. Pitfalls in Ultrasound Diagnosis of Cesarean Scar Pregnancy. Journal of Obstetrics and Gynaecology of India, v. 68, n. 3, p. 164–172, jun. 2018. DOI: https://doi.org/10.1007/s13224-016-0956-1
ROTAS, M. A.; HABERMAN, S.; LEVGUR, M. Cesarean scar ectopic pregnancies: etiology, diagnosis, and management. Obstetrics and Gynecology, v. 107, n. 6, p. 1373–1381, jun. 2006. DOI: https://doi.org/10.1097/01.AOG.0000218690.24494.ce
SHAH, P. et al. Ruptured Cesarean Scar Pregnancy: A Case Report. JNMA; journal of the Nepal Medical Association, v. 57, n. 217, p. 209–212, jun. 2019. DOI: https://doi.org/10.31729/jnma.4465
VIAL, Y.; PETIGNAT, P.; HOHLFELD, P. Pregnancy in a cesarean scar. Ultrasound in Obstetrics & Gynecology: The Official Journal of the International Society of Ultrasound in Obstetrics and Gynecology, v. 16, n. 6, p. 592–593, nov. 2000. DOI: https://doi.org/10.1046/j.1469-0705.2000.00300-2.x
ZONG, L. et al. Successful Treatment of a Recurrent Cesarean Scar Pregnancy by Transvaginal Cesarean Scar Pregnancy Lesion Resection: A Case Report. The Journal of Reproductive Medicine, v. 61, n. 11–12, p. 595–597, dez. 2016.

Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do texto na da revista;
O(s) autor(es) garantem que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
A revista não se responsabiliza pelas opiniões, idéias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
É reservado aos editores o direito de proceder a ajustes textuais e de adequação às normas da publicação.
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre) em http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html